dinossauros

24 de setembro, 2020

A nova animação do Jurassic Park, na Netflix, e os dinossauros que existiram no Brasil

Os dinossauros estão de volta às telinhas. Neste mês, a Netflix presenteou os fãs da saga “Jurassic Park” e “Jurassic World” com o lançamento da animação “Jurassic World: Acampamento Jurássico”. Com oito episódios, a história ganhou uma versão dedicada ao público infantil, mas que tem conquistado uma multidão de admiradores de todas as idades.

A série animada, produzida por Steven Spielberg, conta a história de seis adolescentes que foram convidados para participar de um acampamento do lado oposto da Ilha Nublar, mas que acabam presos na ilha quando os dinossauros começam a destruir o local. 

Ainda que seja uma animação infantil, a série aborda questões sociais, como o trabalho em equipe, e reflexões sobre a ideia de recriar os dinossauros em laboratório. Ela mostra o lado selvagem e assustador desses animais a partir de uma aventura que tem se mostrado interessante, tanto para o público infantil quanto para os adultos nostálgicos e apaixonados pela saga de filmes.

Dinossauros: Jurassic World: Acampamento Jurássico
Cena de ‘Jurassic World: Acampamento Jurássico’, na Netflix

Os dinossauros da vida real

Por mais de 150 milhões de anos, os dinossauros foram os principais animais da Terra, espalhados por diversas regiões do planeta. Só no Brasil, havia mais de trinta espécies, mas também há indícios de outras, com fósseis incompletos.

O biólogo João Kirmse, que atualmente trabalha com as relações de parentesco entre os primeiros dinossauros, explica que no Rio Grande do Sul, mais especificamente em Santa Maria, há afloramentos geológicos onde são encontrados alguns dos dinossauros mais antigos do mundo, com cerca de 235 milhões de anos, como a Saturnalia, o Nhandumirim, o Gnathovorax e o Bagualosaurus. 

Além disso, ele conta que o Brasil possui uma grande quantidade de fósseis de dinossauros saurópodes (os de pescoço longo), como o Maxakalisaurus, o Uberabatitan e o Adamantisaurus. Também existiam, neste solo, vários grupos de dinossauros terópodes (os carnívoros), como o Santanaraptor, o Angaturama, a Oxalaia e o Vespersaurus.

Clima e vegetação 

Em geral, os dinossauros viviam nos mais diversos tipos de ambientes e tinham as mais variadas dietas. “Havia dinossauros que viviam em climas mais secos e outros, que viviam em ilhas. Alguns, inclusive, como o Spinosaurus e o Suchomimus, viviam perto de rios e tinham um estilo de vida semiaquático”, explica João. 

Sobre a dieta deles, estudos comprovam que os primeiros dinossauros da Terra eram onívoros, ou seja, comiam carne e vegetais. Entretanto, com o passar do tempo, os grupos se diversificaram e especializaram sua alimentação. 

Os saurópodes, por exemplo, costumavam comer folhas de coníferas, como as araucárias e os pinheiros atuais, e processavam esse alimento em seu grande estômago, chegando a engolir pedras para ajudar no processamento.

Dinossauros: biólogo João Kirmse
O biólogo João Kirmse, que atualmente trabalha com as relações de parentesco entre os primeiros dinossauros

Os Ornitísquios (grupo que inclui dinossauros como o Triceratops, o Stegosaurus e o Iguanodon) se alimentavam de plantas, mas o processamento de seu alimento era feito principalmente à base da mastigação. Eles comiam todo tipo de alimento, muitas vezes sendo encontrados resquícios de sementes e até flores na sua cavidade estomacal. 

Já os terópodes (que inclui as aves e o Tyrannosaurus), se especializaram na dieta carnívora, comendo desde animais pequenos a maiores – que eram caçados em bando, como os gigantes Giganotosaurus e Allosaurus –, além de peixes, como o caso do Baryonyx e do Spinosaurus. 

Tempo de vida dos dinossauros

Embora seja difícil afirmar com exatidão o tempo de vida dos dinossauros, estudos estimam que algumas espécies tiveram uma expectativa de vida semelhante à dos humanos. 

Especula-se que os grandes herbívoros, como os saurópodes, viviam entre 60 e 80 anos. Os carnívoros, como o Velociraptor e o Compsognathus, de 15 e 20 anos. E entre os carnívoros maiores, o Tiranossauro Rex chegava a viver 30 anos.

Extinção

Discute-se, há anos, o processo de extinção dos dinossauros. Porém, desde 1980, quando se descobriu indícios do impacto de um grande asteroide com a Terra no fim do período Cretáceo, é consenso que esse evento desencadeou uma série de mudanças que levaram à extinção não só os dinossauros, mas diversos outros grupos, como os pterossauros (os grandes répteis voadores da época) e os mosassauros e plesiossauros (grandes répteis marinhos carnívoros). 

A cratera do impacto do asteroide foi encontrada parcialmente submersa na península de Yucatán, no México. “Esse impacto não matou todos esses animais instantaneamente, já que qualquer asteroide capaz de fazer isso teria levado o planeta inteiro junto. Os animais na vizinhança do impacto, esses sim foram incinerados quase instantaneamente, mas o processo total levou dezenas ou centenas de milhares de anos – o que pode parecer muito, mas na escala geológica, que lida em termos de milhões e bilhões de anos, isso representa um piscar de olhos”, explica João. 

Inicialmente, segundo o biólogo, o impacto jogou uma enorme quantidade de partículas na atmosfera, o que, junto com outros acontecimentos naturais, causou um forte aquecimento global e aumento das temperaturas. 

“Com o passar do tempo, essa camada de cinzas permaneceu na atmosfera e impediu a entrada da luz solar, causando uma queda na temperatura e impedindo a entrada de luz solar”, afirma João. 

“Esse processo fez com que plantas e algas não conseguissem fazer fotossíntese e acabassem morrendo. Com a morte das plantas, os animais herbívoros morreram por falta de comida, o que, consequentemente, levou à morte dos carnívoros que os comiam, gerando uma quebra da teia alimentar da época e levando à extinção em massa”, explica.

Felizmente, apesar de todo o caos, alguns animais conseguiram sobreviver, como algumas aves. Considera-se, também, que os crocodilos, cobras e lagartos são primos remotos dos dinossauros.

Museu de História Natural de Taubaté

Dinossauros: Museu de História Natural de Taubaté
Salão de exposições do Museu de História Natural de Taubaté

Um pouco da história dos dinossauros está no Museu de História Natural de Taubaté (a pouco mais de 130 quilômetros de São Paulo, capital). O museu, construído em 2004, abriga uma exposição com mais de 2.500 peças, entre fósseis originais e réplicas, na sequência cronológica das eras e período geológicos. 

Entre os destaques do museu está a réplica da ave Paraphysornis brasiliensis, que tem mais de dois metros de altura e viveu na região do Vale do Paraíba há 23 milhões de anos. O fóssil foi encontrado entre Taubaté e Tremembé pelo pesquisador taubateano Herculano Alvarenga, atual diretor do centro. A descoberta motivou a criação do museu. 

Além de ser um local de exposição, o ambiente também é centro de estudos científicos. Atualmente, por causa da pandemia de Covid-19, o museu se encontra fechado. Assim que liberado pelas autoridades, o espaço volta a receber o público.