Guardiões da floresta

16 de julho, 2020

Atuais guardiões da floresta lutam para preservar a natureza

No imaginário folclórico brasileiro, os recantos das florestas são habitados por uma série de personagens fantásticos. Saci, Curupira e Boitatá estão entre os mais conhecidos. Apesar da origem e comportamento diferentes, esses habitantes da mata têm uma característica em comum: são guardiões da floresta e caçadores de grupos que promovem o desmatamento. 

Se no folclore os protetores das matas contam com poderes e encantamentos especiais para afugentar os vilões, na vida real o trabalho dos guardiões da floresta acontece no dia a dia, com dificuldades, mas muita determinação. São pessoas que defendem uma exploração sustentável dos recursos da floresta e promovem o reflorestamento de áreas desmatadas.

E nesta sexta-feira (17) é dia de celebrar os heróis que, assim como contam as antigas lendas brasileiras, continuam defendendo a natureza exuberante de suas florestas. Na data, comemora-se o Dia do Protetor da Floresta, ou o Dia do Curupira – alusão ao personagem de pés virados para trás e cabelos vermelhos que afugenta os caçadores e aqueles que promovem o desmatamento. 

Não se sabe ao certo a origem da data. A certeza é que, assim como o personagem folclórico, o país conta com grandes defensores da floresta, que marcaram seu nome na história do país. O seringueiro Chico Mendes e a missionária Dorothy Stang são os principais ícones de uma lista enorme de pessoas que muitas vezes dão a própria vida pela causa. 

Rede de sustentabilidade

Proteger as florestas é um trabalho que funciona muito melhor em grupo. É por meio de uma rede, unindo produtores e consumidores, que pessoas como o engenheiro ambiental Leandro Caffaro de Almeida, 32, conseguem explorar os recursos da natureza sem desmatar as florestas. 


O engenheiro ambiental Leandro Caffaro de Almeida

Almeida colabora com um grupo de agricultores que usam técnicas de agrofloresta na cidade de São José dos Campos. Por meio desse método, o cultivo de frutas e hortaliças acontece em comunhão com a plantação de espécies nativas, em um movimento que, aos poucos, vai restaurando ecossistemas.

“É importante que todos entendam que há formas de explorar os recursos das florestas que não causam desmatamento e que ainda promovem o reflorestamento. Com a agrofloresta, além de produzir alimentos, colaboramos para manter a floresta em pé, o que traz consigo uma série de benefícios, como a captura de carbono e a proteção de nascentes”, afirma. 

De acordo com o engenheiro, essa rede de colaboradores que preservam os recursos da floresta tem como um dos principais aliados a conscientização dos consumidores. Saber de onde vem o alimento que consumimos todos os dias e como ele impacta na preservação do meio ambiente é a chave para que iniciativas como essas cresçam e ganhem dimensão no país.

“Hoje as pessoas estão mais conscientes sobre a origem dos ingredientes que vão para sua mesa. Além de ser bom para a saúde, essa escolha ainda alimenta uma rede de preservação e de sustento dos produtores familiares. Desta forma, vamos protegendo a natureza e garantindo que mais pessoas se beneficiem com a floresta em pé. Mas também precisamos de políticas públicas que incentivem essa prática”, afirma.

Os verdadeiros guardiões da floresta

Apesar de trabalhar no reflorestamento e na proteção da mata nativa, o engenheiro refuta o rótulo de protetor da floresta. Para ele, os verdadeiros guardiões desse patrimônio nacional são os povos nativos, que aprenderam a tirar o sustento da terra durante anos sem causar desmatamento.

“Os índios, quilombolas e as populações ribeirinhas são os verdadeiros guardiões da floresta. É preciso que a gente respeite essa população, a demarcação de suas terras e sua história.”