26 de agosto, 2020

Covid-19 pede atenção redobrada para a obesidade

A pandemia do novo coronavírus trouxe à tona um grave e descontrolado problema de saúde do brasileiro: a obesidade. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), o distúrbio está entre os fatores de risco para a Covid-19. No país, mais da metade dos mortos com idade inferior aos 60 anos eram obesos.

Os índices preocupam, pois, apesar de recente, a obesidade é uma doença que cresce vertiginosamente no Brasil. Um estudo publicado em 2019 pela Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico mostra um crescimento de 68% de casos entre 2006 e 2018.

O fenômeno está intimamente ligado ao aumento no acesso aos alimentos ultraprocessados (refrigerantes, fast foods e congelados, entre outros) no cardápio dos brasileiros. De acordo com estudo publicado pela OMS, o consumo desses alimentos cresceu mais de 50% em países de baixa renda entre 2000 e 2013. O Brasil ocupa o 34º lugar no consumo de ultraprocessados per capita. 

Consumo de fast foods e ultraprocessados é vilão no ganho de peso da população brasileira

A endocrinologista Andrea Audi, de São José dos Campos,  trabalha com o tema desde 2014. Ela explica que o processo inflamatório causado pela obesidade contribui para o agravamento da Covid-19.

“Além disso, esses pacientes frequentemente apresentam outras comorbidades, como pressão alta, diabetes e dificuldades respiratórias relacionadas diretamente ao excesso de peso, que são fatores de risco para formas graves de Covid-19”, afirma.

Rotina saudável é solução contra a obesidade

Ao redor do país, a quarentena tem gerado diversas mudanças de hábitos na vida de milhões de brasileiros. Mas apesar das limitações de espaço, ainda é possível improvisar e colocar a criatividade em ação para que seu corpo não fique parado. 

A atividade física regular é uma excelente aliada contra a obesidade. A dica é investir em atividades que podem ser feitas em casa. Pular corda, fazer alongamentos ou subir escadas são algumas das opções.

Aplicativos de exercícios também ajudam a manter o corpo em movimento. Entre os principais estão o Nike Training Club, Freeletics Bodyweight, BTFIT e o J&J Official 7 Minute Workout, todos gratuitos e disponíveis para download em celulares Android e iOS.

Endocrinologista Andrea Audi alerta para fatores de risco que podem acompanhar a obesidade: diabetes e pressão alta são alguns deles

Além disso, ter boas horas de sono todos os dias, evitar abuso de bebidas alcoólicas e cuidar da alimentação são fatores essenciais para quem convive com doenças crônicas. 

Arroz com feijão é aliado

A dieta básica do brasileiro, com arroz e feijão, já ajuda a nos livrar dos riscos dos ultraprocessados. A dupla está no grupo de alimentos que ajudam no emagrecimento, pois ambos aceleram o metabolismo e proporcionam o sentimento de saciação. Eles fornecem uma proteína completa: enquanto o arroz é rico em aminoácido metionina, o feijão é abundante em aminoácido lisina.

A combinação do arroz com feijão é indicada para todas as idades, a partir dos seis meses de vida. Mas é importante estar atento à quantidade das porções para não ultrapassar as calorias necessárias por refeição. O ideal é uma de feijão para duas de arroz.

“Ainda que os pacientes percam poucos quilos, o estudo ‘Open Safely’ aponta que isso já fará diminuir os riscos de complicações da Covid-19. E essa é uma ótima notícia, pois não é preciso, necessariamente, se tornar uma pessoa com IMC (Índice de Massa Corporal) normal para ver o risco cair”, explica Andrea.

O “Open Safely” é uma interface do NHS (o serviço nacional de saúde do Reino Unido), que analisou fatores de risco associados às mortes causadas pelo novo coronavírus. O estudo indicou que quanto maior o IMC, as chances de o quadro de Covid-19 se complicar também aumentavam.