Dependência em tecnologia

10 de julho, 2020

Dependência em tecnologia pode causar danos à saúde mental

De acordo com uma pesquisa realizada pela Motorola, 56% dos brasileiros entram literalmente em pânico quando perdem seu smartphone. A reação à possibilidade de ficar algumas horas, ou até mesmo alguns dias, sem o aparelho é uma mostra da dimensão da dependência em tecnologia em nossa vida cotidiana. E, como acontece nesses casos, o resultado sempre é o desequilíbrio.

Ansiedade, insônia, baixa autoestima e dificuldades de relacionamento são alguns dos sintomas que uma relação desequilibrada com os smartphones pode desencadear. Nos consultórios de psicologia, cresce a procura de jovens e adultos que apresentam tais sintomas, principalmente quando desencadeados pelo uso frequente de smartphones e redes sociais.

A psicóloga Luiza Martini Foernges explica que é constante a presença de pessoas que buscam ajuda, mesmo sem saber que a raiz do desequilíbrio está na relação que mantêm com a tecnologia. De acordo com ela, todos estão sujeitos aos sintomas: crianças, jovens, adultos e, inclusive, os casais.

A psicóloga Luiza Martini Foernges

“A questão é que as redes sociais são parte de um olhar que as pessoas têm uns dos outros. O conteúdo ali exposto idealiza relações, como se a vida dos outros fosse maravilhosa sempre. É preciso entender que essa é uma amostragem superficial, ao passo que a vida real tem seus problemas, imperfeições. Recebo inclusive casais que entraram em crise por problemas relacionados a postagens nas redes”, afirma.

Como evitar a dependência em tecnologia?

O equilíbrio entre a vida online e offline é o segredo para evitar os excessos no convívio, principalmente com os smartphones. Dessa forma, é possível aproveitar as praticidades proporcionadas pelos aparelhos, sem que isso interfira na saúde mental. Na teoria, parece simples, mas quando passamos para a prática, muitas vezes é como se livrar de um vício.

“Em alguns casos, é importante inclusive tratarmos dessa dependência em tecnologia com sessões de psicoterapia e acompanhamento psiquiátrico. É preciso observar quando não se consegue passar algumas horas do dia longe do celular, pois isso pode denunciar que algo está em desequilíbrio”, afirma Luiza.

O cenário, de acordo com ela, foi potencializado após a pandemia do novo coronavírus impor uma quarentena à população. Em casa, muitas vezes trabalhando em home office, é comum que a relação com as tecnologias se intensifique e que traga consigo uma demanda maior de trabalho, aliada ao estresse que o próprio contato com essa situação causa em todos os indivíduos.

“A pandemia tem mostrado que a tecnologia não é apenas vilã, mas principalmente uma importante aliada para que as pessoas consigam se manter em contato, trabalhando, consultando médicos, psicólogos e até fisioterapeutas a distância. Mas é algo que precisa ser moldado, como tudo na vida.”

Cuidado com os pequenos

Dependência em tecnologia
O papel dos pais é fundamental para equilibrar a interação das crianças com a tecnologia

Uma cena que se tornou comum em diversos ambientes denota a forma como as famílias vêm lidando com a presença da tecnologia em seu cotidiano: adultos conversando e crianças entretidas no celular. Isso acontece sempre, seja em shoppings, restaurantes, pontos de ônibus, em casa. Essa relação preocupa a psicóloga, que afirma ser importante que os pais saibam dosar o uso dos celulares, principalmente entre os chamados “nativos” – crianças que já nasceram cercadas pela tecnologia.

“Essa nova geração já veio inserida nos games, aplicativos e todas as novas tecnologias. A gente percebe que há nessas crianças e jovens uma facilidade de expressão por meio desses recursos, mas uma dificuldade de interação ao vivo. Nesse contexto, o papel dos pais é muito importante no dia a dia. Como eles se portam, se estão sempre com o celular também. É preciso manter momentos com os filhos sem uma tela presente”, conclui.