4 de junho, 2020

Dia do Meio Ambiente: projetos mostram que manter a floresta viva é muito mais lucrativo do que o desmatamento

Quando pensamos em manter a floresta viva, protegida do desmatamento e com liberdade para toda sua fauna e flora, a ideia que nos vem à mente é de um lugar praticamente intocado, sem a intervenção humana. Embora essa seja a realidade em áreas protegidas, novas formas de aproveitar os recursos da mata – muito menos invasivas – mostram que economia e preservação podem andar juntas.

Nesta sexta-feira (5), comemora-se o Dia do Meio Ambiente. A data foi criada em 1972 pela ONU (Organização das Nações Unidas) com o objetivo de conscientizar a sociedade para a importância de mantermos as florestas vivas e evitarmos o desmatamento. E é com esse objetivo que técnicas como a agrofloresta e a permacultura foram criadas.

Por meio desses conhecimentos, é possível respeitar o ritmo de crescimento da floresta e, mesmo assim, tirar proveito de seus recursos naturais. Nessa esteira, são feitas plantações de espécies nativas sem o uso de agrotóxicos ou qualquer ingrediente químico. As técnicas diminuem a necessidade de derrubar a floresta para abrir plantações de monocultura e, por isso, valorizam a floresta em pé e ainda ajudam a recuperar áreas degradadas e desmatadas.

Exemplo de agrofloresta na área rural de São José dos Campos

Floresta em pé, retorno garantido

Uma floresta é como uma caixa de tesouros, repleta de recursos que, quando bem utilizados, podem render ciclos inesgotáveis de sustento para milhares de famílias. Por isso, falar em proteção do meio ambiente é também falar sobre a função social que as florestas, quando preservadas, exercem. É o caso do Programa Amazônia, mantido pela iniciativa privada.

Por meio de estudos do retorno financeiro gerado pelo comércio da ucuubeira, árvore típica da Floresta Amazônica, o programa se certificou que ao invés da derrubada – que só acontece uma vez e rende entre R$ 10 e R$ 20 por árvore -, seria muito mais lucrativo manter a árvore em pé e investir em outra atividade: a extração de sementes. Ao contrário da derrubada, a extração das sementes da mesma árvore pode ser feita por no mínimo dez anos.

O programa compartilhou esse conhecimento com os produtores rurais locais, que até então se ocupavam da derrubada das árvores. A compra das sementes coletadas foi garantida pela própria empresa, que criou uma coleção especial de cosméticos a partir do óleo extraído das sementes. O sucesso foi tanto que, em 18 anos de programa, o volume de negócios gerados para a comunidade já ultrapassa a marca de R$ 1,5 bilhão.

Turismo

Além de lucrar com o aproveitamento de seus recursos, uma floresta em pé também se transforma em atração turística. Casos bem sucedidos no Brasil, como o de Fernando de Noronha, por exemplo, mostram como o cuidado com a preservação gera resultados econômicos. No ano passado, o arquipélago, que mantém rígidas regras para evitar o chamado turismo predatório, recebeu mais de 100 mil visitantes.

A diretora executiva do projeto SOS Mata Atlântica – que atua no reflorestamento e proteção dos fragmentos da floresta -, Marcia Hirota, afirma que a visitação aos parques nacionais é “uma estratégia extremamente importante para engajar a sociedade e promover a sua reconexão com a natureza”.

Em artigo intitulado “Investir em turismo para conservar a natureza”, ela afirma que o setor conta com um forte impacto econômico, mas que ainda pode ser muito melhor explorado dentro dos parques naturais. 

“Um estudo realizado pelo ICMBio mostrou que a visitação em 2015 teve um impacto econômico de R$ 1 bilhão e gerou mais de 43 mil empregos. Segundo o levantamento, cada R$ 1 investido na gestão dessas unidades produziu outros R$ 7 em benefícios econômicos diretos para o país. Esses números se referem a pouco mais da metade dos parques nacionais do país, mostrando que essas cifras podem ser ainda maiores.”, afirma