13 de novembro, 2019

Empreender ou apostar em um emprego estável? Depende do seu perfil

As relações de trabalho estão mudando em uma velocidade que às vezes é difícil de acompanhar. O sonho de fazer carreira em uma grande empresa está dando lugar a um posicionamento de empreendedorismo, mesmo quando a pessoa está empregada. É tudo tão diferente daquilo que estávamos acostumados, que é normal ficar confuso com o futuro profissional.

Afinal, é hora de largar o emprego e partir para carreira solo ou ainda dá para apostar no modelo de funcionário-padrão, que pode crescer dentro da empresa, conquistando cargos melhores? A tendência é que estes dois cenários convivam daqui para frente. Mas uma coisa é certa: nossa relação com o trabalho precisará, em algum momento, passar pelo divã.

Entender qual o seu perfil já é um grande avanço em meio às mudanças neste panorama da empregabilidade. De acordo com a vice-presidente da ACI (Associação Comercial e Industrial de São José dos Campos) e palestrante na área de empreendedorismo, Eliane Maia, o cenário para os próximos anos vai exigir interpretação das informações para que se encontre as melhores oportunidades.

“Vejo um cenário disruptivo, com o crescimento e avanço da tecnologia e da indústria 4.0 substituindo os trabalhos repetitivos por inteligência artificial e valorizando mais as consultorias, prevenções, interpretação das informações para alimentar os envolvidos na tomada de decisões estratégicas e melhor qualidade de vida para o ser humano que hoje trabalha tanto, cresce profissionalmente mas por vezes tem sua vida pessoal destruída”, diz. 

Mesmo optando continuar  em seu emprego, o profissional deve ter ciência de que o espírito empreendedor é algo quase incontornável para os próximos anos. Isso porque as exigências de empenho e ampla visão do negócio também serão importantes diferenciais para os colaboradores das empresas.

“Se dará muito bem como empregado a pessoa que ama o que faz, seja pró-ativa, supere as expectativas de seus líderes, se aperfeiçoe estudando e procurando fazer da melhor maneira seu trabalho, seja uma boa colega de trabalho auxiliando o colega e contribuindo para um ambiente bom para todos”, afirma.

Empreendedorismo e resiliência

A empresária Elizabete Monteiro representa um dos casos bem sucedidos de franquias da região, a Tio Coxinha, que soma 14 estabelecimentos principalmente no Litoral Norte. Hoje bem sucedida nos negócios, Elizabete precisou de resiliência para superar um início difícil.

Cansada do trabalho como representante comercial – e com a crise dos 30 anos batendo à porta –, ela decidiu que estava na hora de fazer algo. A primeira oportunidade foi no ramo da costura. Ela pegou dinheiro emprestado e montou uma pequena produção. O único problema é que Elizabete não era lá uma grande costureira e a rotina começou a entrar na mesma morosidade que a incomodava na época de representante comercial.

“Não deu certo. Aí eu pensei: ‘e agora?’. Estava desempregada, com dívida. Foi quando pensei em algo que me fazia feliz e para o qual eu tinha um certo dom, que era cozinhar. Foi quando eu entrei de vez para o ramo de alimentos. Comecei fazendo trufas e bolos. Uma amiga me ensinou a fazer salgados. Quando vi que tudo o que eu fazia vendia, percebi que enfim havia encontrado um ramo para investir e passei a levar esse negócio como meta de vida”, comenta.

A demanda de trabalho, no entanto, não era nada fácil, principalmente no início, quando a rotina era de 14 horas diárias, atuando em diferentes funções. Hoje a empreendedora é convidada para palestras destinadas a pessoas que, assim como ela, pretendem abrir seu próprio negócio.

“O que eu digo nesses eventos é que você precisa ter o perfil. Empreender é correr riscos, aceitar diminuir o padrão de vida e aumentar o tempo trabalhando. Não tem muito glamour. Outra coisa importante: é preciso ter um mínimo de conhecimento para não se endividar. Meu caso, por exemplo, as dívidas iniciais poderiam ter se transformado numa bola de neve. O sonho do negócio próprio viraria pesadelo”, afirma.