Novas formas de trabalho

28 de agosto, 2020

Isolamento social abre possibilidades para novas formas de trabalho

Com a chegada do novo coronavírus e a necessidade do isolamento social, muitas empresas precisaram fechar temporariamente as suas portas. Mas a novidade, que inicialmente assustou os brasileiros, também abriu portas para que uma parcela da população começasse a investir em novas formas de trabalho remoto.

Segundo dados divulgados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), aproximadamente 9 milhões de pessoas perderam o emprego no segundo trimestre deste ano, ao mesmo tempo em que as medidas de contenção da Covid-19 se tornaram mais rígidas no Brasil. 

Na esteira da crise provocada pela pandemia, a taxa de desemprego deve chegar a 14,2% ao fim de 2020, segundo estimativa da Instituição Fiscal Independente (IFI) do Senado. No ano passado, a taxa média de desocupação no país ficou em 11,9%, segundo dados do IBGE.

Nesse cenário, manter o emprego ou buscar uma renda extra é o desafio de grande parte dos trabalhadores brasileiros. Para essa tarefa, o primeiro passo é entender que a situação não é de terra arrasada para todos os setores. Alguns deles, ao contrário, estão crescendo. E é para lá que esse trabalhador deve direcionar seus currículos e serviços, buscando novas formas de trabalho.

É na adversidade que temos a coragem de colocar em prática um sonho antigo, motivações e se dedicar a um talento. Por vezes adiamos tudo isso por receio de arriscar. Quando o desemprego chega, muitos percebem que o momento chegou

– Denise Camargo, psicóloga e orientadora vocacional

O Mercado Livre é um exemplo. A empresa cresceu cerca de 90% no Brasil durante a pandemia. Isso porque, além do segmento de novos e usados, a empresa ainda ingressou no setor de supermercados e pretende expandir seus centros de logística. 

O Glassdoor, portal de busca de vagas na internet, confirma a tendência. As vagas de estoquista, auxiliar de logística, analista de logística e atendimento ao cliente – que fazem parte do escopo do setor – estão entre as dez mais requisitadas pelas empresas, perdendo apenas para os setores de saúde.

“É fundamental que a pessoa que quer se recolocar neste período saiba quais setores estão contratando e como seus conhecimentos podem ser úteis para empresas que atuam nesses ramos. A pesquisa é fundamental. É muito melhor concentrar os esforços em áreas que estão contratando do que nas que estão demitindo”, afirma a psicóloga e orientadora vocacional Denise Camargo, de São José dos Campos. 

Informalidade e novas formas de trabalho para sair do aperto

O impacto das medidas de distanciamento social e o crescente número de trabalhadores informais no mercado têm motivado milhares de brasileiros a investirem em novos negócios. 

É o caso de Giovana Loureiro, 35 anos, que durante o período de quarentena enxergou novas formas de trabalho no artesanato e na culinária. Durante muitos anos, ela trabalhou como cabeleireira autônoma, mas perdeu a renda durante a pandemia. 

“As pessoas se sentiam inseguras em sair de casa”, disse. Então, ela começou a investir em outras áreas. “Como as pessoas ficam mais tempo em casa, acabei percebendo que elas estavam cozinhando mais e comendo mais. Então, foquei no artesanato e na culinária, já que a procura por itens de decoração – como utilitários, organizadores e aventais – aumentou, junto com a demanda por bolos e doces”, afirmou Giovana. 

Novas formas de trabalho
Aulas ministradas pela culinarista Claudete Brescancini

Aprimore suas habilidades

Atualmente, diferentes sites têm disponibilizado cursos gratuitos para quem deseja descobrir ou desenvolver novas habilidades. Se você gosta de cozinhar, por exemplo, mas não tem muita prática, as aulas de culinária online são ótimas opções. 

“Na minha opinião, comida é algo que sempre vende. O que varia é a demanda, que muda de acordo com o momento. Por causa da pandemia, agora as pessoas estão em busca de qualidade de vida. Então, a procura por doces veganos, sem açúcar e sem glúten, cresceu”, disse Giovana.  

Desde junho, a Ruston Alimentos – dona das marcas de Arroz e Feijão Saboroso e Fantástico – mantém aulas de culinária online para quem tem interesse em aprender receitas novas e, quem sabe, investir nos negócios. 

As atividades são ministradas pela culinarista Claudete Brescancini, todas as quartas-feiras, às 17h, nas redes sociais do Fantástico. Nelas, a especialista ensina o passo a passo das receitas mais pedidas pelos seguidores, como bolos, doces, salgados e outros alimentos, que levam arroz ou feijão no preparo.