27 de março, 2020
O poder da arte na educação das crianças
Já repararam que, assim que consegue ficar em pé, dançar é uma das primeiras atividades do bebê? E que balbuciar algo durante canções de ninar, por exemplo, vem antes da criança aprender a falar? Esses e outros exemplos estão aí para comprovar que as expressões artísticas são inerentes às pessoas, seja qual for a idade.
Por essa razão, iniciar-se no estudo das artes é também conhecer melhor sua identidade e as diversas culturas que formam nossa sociedade. Ao estudar artes, os alunos também têm contato com algo que une toda a humanidade: não importa o quão distante sejam as gerações, seus medos, celebrações e rituais estarão sempre impressos por meio da arte.
Por ajudar a entender melhor a jornada humana, e consequentemente, suas próprias emoções, o estudo das artes é, há muito tempo, defendido dentro das escolas. Atualmente, segundo a Base Nacional Comum Curricular – documento que define as aprendizagens essenciais no país –, é obrigatório a inclusão das linguagens de artes visuais, dança, teatro e música nas instituições de ensino.
A educadora e doutora em psicologia e educação Monique Deheinzelin acredita que as aulas da disciplina de artes devem oferecer aos alunos a possibilidade tanto de se expressar quanto de viver experiências distantes daquilo que é o seu cotidiano.
“A arte faz parte das necessidades de expressão de todo o ser humano, de mergulhar naquilo que somos e externar isso para as outras pessoas em forma de música, artes visuais, dança, literatura e outras expressões artísticas”, diz.
Especialistas em educação afirmam que o papel dessas disciplinas é ser um caminho para que alunos possam desenvolver diferentes aspectos, como criatividade, conhecimento do corpo, iniciativa e coletividade, entre outros.
Assim como acontece com os esportes, o ensino das artes também pode ser encarado como um meio de ascensão social, principalmente em comunidades vulneráveis. Exemplos de escolas e de instituições não faltam e ajudam a oferecer oportunidades para crianças e jovens vivenciarem diferentes realidades.
“Apesar desta ser uma realidade, o objetivo das disciplinas de artes não é necessariamente formar artistas. Você precisa de um projeto em médio e longo prazos para ter tempo de buscar referências, ajudar a criar uma pulsão estética nos alunos. Nesse ponto, o próprio professor também deve se envolver”, afirma Monique.
Novas propostas
O papel das artes na educação passa, atualmente, por uma transformação conceitual. Práticas costumeiras, como o desenho em folhas sulfite, manipulação de massinhas coloridas ou recortes de revistas têm sido ressignificadas.
Hoje, a ordem é conectar os trabalhos a um despertar do “eu artístico” de cada aluno, como define a pós-doutora em psicologia da educação Rosana Cintra, em artigo publicado pela revista Nova Escola.
“Trabalhar com a arte na educação infantil é abraçar o mundo com o corpo todo! Para que isso ocorra, precisamos dar o direito da criança se expressar do jeito dela, com a estética que lhe é peculiar e de todas as formas possíveis. Quanto mais elementos artísticos o educador apresentar para as crianças, mais rica será a linguagem e a expressividade delas. Dançar, pintar, cantar e dramatizar, entre outras formas de expressão humana, são linguagens.”