23 de dezembro, 2019

Papai Noel negro quebra barreiras para se tornar o mais famoso do país

O Papai Noel mais famoso do Brasil é negro e mora em São José dos Campos. Rubens Campolino, 70 anos, ganhou fama nacional como o primeiro bom velhinho afro do país, em campanha para o Vale Sul Shopping em 2017.

À época, o sucesso foi tamanho que ele foi parar nos principais jornais do Brasil, além de participar de programas como o “Encontro”, de Fátima Bernardes. A fama rendeu um convite, inclusive, para ser o Papai Noel oficial na festa dos atores Bruno Gagliasso e Giovanna Ewbank, que presentearam a filha Titi com a presença do Bom Velhinho.

Neste ano, Rubens foi a atração mais aguardada da programação de Natal do Parque Vicentina Aranha, que contou com patrocínio da Ruston. Centenas de crianças de todas as idades fizeram fila para dar e receber um abraço de feliz Natal. Além, é claro, de fazer seus pedidos de presentes.

Fama inesperada

Metalúrgico aposentado, Campolino não esperava que, a essa idade, a vida desse tamanha guinada. “O que você espera ao passar dos 60? Só sossego. Minha vida era participar das atividades na Casa de Idoso, cuidar das filhas e das netas”, conta.

Antes da fama como Bom Velhinho, Campolino ainda foi eleito Mister Melhor Idade, em 2016, em São José dos Campos. E foi a partir da repercussão do prêmio que apareceu o convite do shopping.

“Eu perguntei para eles: ‘mas vocês viram minha foto? Têm certeza que não estão convidando a pessoa errada?’. Nunca na vida eu me imaginei como Papai Noel. Quando surgiu o convite, minha mulher, Ana Maria, me disse que eu teria alegrias e tristezas, mas que seria uma figura importante para milhares de crianças. Bom, até agora eu só tive alegrias”, diz.

Representatividade

Entre essas alegrias, a maior delas é servir como inspiração para crianças negras, principalmente as mais pobres. A identificação é instantânea. “Sinto que as pessoas negras ficam felizes em me ver lá. Mas, apesar disso, sou o Papai Noel de todo mundo”, comenta.

Até se transformar no Bom Velhinho mais famoso do país, o ativismo não era uma constante na vida de Campolino. Foi depois de perceber a repercussão de sua atividade como Papai Noel que ele percebeu o quanto a sociedade carece de representatividade.

“As crianças não trazem essa distinção. Para elas, não há muita diferença. Isso nos leva a crer que a questão do racismo é construída. E por isso é importante que os pequenos se acostumem a ver pessoas negras em todas as posições.”

Bastou o sucesso para que, em 2019, o mesmo shopping contratasse mais um negro para integrar o time dos bons velhinhos do Vale Sul. E não ficou por aí: Rio de Janeiro, Brasília e Salvador, entre outras capitais, também já têm seus representantes negros no trono do Papai Noel.