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20 de abril, 2020

Primeiro herói da República, Tiradentes é um misto de fantasia e realidade; descubra por quê

Neste dia 21 de abril é celebrado o feriado nacional de Tiradentes. A figura é um dos primeiros heróis do Brasil independente, após a libertação do status de colônia portuguesa. Por isso mesmo, a história de Joaquim José da Silva Xavier, seu verdadeiro nome, é cercada de mitos, inverdades e alguns exageros.

Morto e esquartejado em 21 de abril de 1792, Tiradentes foi um dos 13 principais integrantes do movimento nomeado Inconfidência Mineira, de caráter republicano e que pedia a independência do país. O alferes era o único membro da classe trabalhadora que integrava o movimento, com a maioria de desembargadores. Também foi o único a ser morto.

Além da morte e esquartejamento, a pena do Império ainda incluiu a destruição da casa de Tiradentes. O terreno inclusive foi salgado para que ali não crescesse mais nada. Apesar da dura punição, sua história só foi resgatada quase 100 anos depois, durante os movimentos que culminaram na proclamação da República, em 1889.

Foi aí que a figura do herói nacional começou a ser construída e a história de Tiradentes ganhou ares messiânicos. Em seu livro, “Brasil: uma história”, o autor Eduardo Bueno conta que a mais icônica representação do inconfidente, enforcado com barba e cabelos longos, não por acaso lembra a figura de Jesus Cristo crucificado.

“Quando o Brasil se transformou em uma república, descobriu-se que a história era contada pela ótica de Portugal. Tiradentes se transformou no maior herói da nova república, tanto que os militares, que integravam o movimento positivista, chamaram o pintor também positivista Décio Vilares, responsável por criar a imagem que conhecemos do alferes. Na verdade, ele foi morto sem barba e careca”, afirma o autor.

Mais mitos

Há muitos mitos que rondam a história de Tiradentes e da Inconfidência Mineira. Um deles é que eles lutavam pela independência de todo o país. Na verdade, os inconfidentes não tinham ainda essa consciência de nação que temos hoje. O movimento tinha motivações específicas da região de Minas Gerais e atingia, no máximo, os estados do Rio de Janeiro e São Paulo.

Apesar de ser o herói nacional e representante mais conhecido da Inconfidência Mineira, Tiradentes estava longe de ser uma liderança do movimento. O personagem era quem levava as discussões que ocorriam em reuniões privadas para o público, em sítios e tavernas. As decisões eram tomadas por outros membros, como o poeta Tomás Antônio Gonzaga e o dono de mina Inácio de Alvarenga.

Aliás, Joaquim José da Silva Xavier era conhecido pela alcunha de Tiradentes, mas ele não chegou a se diplomar com o título de dentista. Até porque só há registro da categoria profissional a partir de 1800. Até então, barbeiros eram os responsáveis por fazer o trabalho de extrair os dentes.

A história

De uma família de origem humilde, Joaquim José nasceu na Capitania de Minas Gerais, em 12 de novembro de 1746. Com a morte prematura dos pais, Joaquim José precisou exercer inúmeros trabalhos ao longo de sua vida, como a de dentista amador, função que lhe deu o apelido de “Tiradentes”. 

Ele também havia trabalhado na mineração, porém, foi no posto de alferes nos quadros da cavalaria imperial que Tiradentes alcançou certa estabilidade. Apesar da pouca instrução, ele era um republicano convicto e adepto dos ideais do Iluminismo.

O movimento dos inconfidentes foi consequência do contato dos colonos brasileiros com os ideais iluministas divulgados na Europa – e já haviam inspirado o movimento de independência dos Estados Unidos.