6 de dezembro, 2019

Profissão ideal: encontrar a vocação exige exercício de autoconhecimento

Não faz muito tempo, as profissões estavam em áreas bastante delimitadas. Engenharia, medicina, direito, contabilidade. Cada uma ali no “seu quadrado”. Nos dias atuais, essa realidade ficou para trás. Novas áreas surgiram, outras foram fragmentadas. E a tendência é que esse dinamismo só aumente.

Se já era difícil para o jovem escolher entre não muitas profissões, achar a vocação em meio a esse emaranhado de oportunidades ficou mais complexo. No entanto, não é preciso se desesperar por causa disso. 

Pelo menos é o que afirma a psicóloga, coach e orientadora vocacional Denise Camargo, de São José dos Campos. Ela explica que o processo de descobrimento da carreira ideal passa, necessariamente, por uma autoanálise. É como percorrer um labirinto de autoconhecimento, cuja saída – se tudo der certo – é a profissão ideal.

“A fase mais longa do programa que eu costumo aplicar para orientar os jovens é esta do autoconhecimento. Não adianta conhecer as inúmeras possibilidades profissionais, se o indivíduo não tiver identificado claramente seus valores, motivações e talentos. Mesmo os mais jovens já apresentam sinais que precisam ser trabalhados para que se identifiquem as vocações”, afirma.

Pesquisa a profissão

Se o famoso “conhece-te a ti mesmo” é uma preciosa dica para se movimentar em busca da profissão ideal, cabe aí acrescentar um novo aforismo: “conhece a profissão”. Isso porque nem sempre a rotina profissional corresponde à reputação que a precede. A maioria dos jornalistas não será apresentadora do Jornal Nacional, os plantões médicos não são necessariamente como mostra a série Grey’s Anatomy e aí por diante.

“Para se encontrar em uma área, é necessário que a pessoa conheça um pouco de sua rotina. Quais são os horários, quais são as condições de trabalho, os instrumentos que manuseia, como ela contribui para a sociedade. Recebo muitos jovens que adoram computador, por exemplo, mas que não seriam felizes como engenheiros de computação”, explica Denise.

Mais pesquisa

Depois de analisar por alto quais são as rotinas das profissões, é hora de pesquisar mais um pouco. Dessa vez, a faculdade (ou curso técnico/tecnólogo) que mais se encaixa nas pretensões do aluno. Nessa hora, o que vale é checar se a faculdade é pública ou paga, se está inserida em programas de bolsa e se o curso é integral, entre outros aspectos.

“Quase 50% dos alunos desistem até o nono mês da faculdade. E entre as razões está também a escolha equivocada das instituições. Tem aluno que prefere não morar fora, ou, pelo contrário, não se daria tão bem em uma faculdade na mesma cidade”, afirma Denise.

Recomeço

Procurar orientação vocacional não é privilégio restrito aos jovens. Muitos adultos, já estabelecidos na profissão, de uma hora para outra se encontram em crise com aquilo que construíram durante os anos. 

Segundo Denise, trata-se de um processo comum. “Muita gente me procura por estar em crise vocacional mesmo tendo uma carreira sólida no mercado. Naquela época, a criação era diferente e o acesso a certos cursos muitas vezes era negado pelos pais”, conclui.