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A 159 quilômetros da capital São Paulo, bem no meio das montanhas e a pouco mais de 720 metros de altitude, o distrito de São Francisco Xavier carrega consigo a alcunha de refúgio para quem quer descanso e contato com a natureza. Mas São Xico – como é carinhosamente chamado pelos moradores de São José dos Campos –, além de reduto descolado para passeios tranquilos, é também terra fértil para os que buscam programas mais radicais em meio à natureza.

Com cerca de 3.000 habitantes, São Francisco Xavier está em uma área de proteção ambiental  ao lado da Serra da Mantiqueira. Com rica flora, oferece aos turistas cachoeiras exuberantes e paisagens de tirar o fôlego, bem como infraestrutura, com pousadas e gastronomia diversificada.

Uma das atividades mais procuradas no distrito, atualmente, é o montanhismo. A prática – subir montanhas por meio de caminhadas ou escaladas – é passeio indispensável para quem quer se conectar com a natureza, respirar ar puro e esquecer os problemas da cidade. 

As trilhas também são uma ótima opção de programa, sendo a Pedra da Onça a mais famosa. Nomeada como a vista mais bonita de São Francisco Xavier, tem percurso de 11 km e fica a 1.960 metros de altitude – a caminhada (ida e volta) leva cerca de seis horas, com nível de dificuldade médio/alto. 

O acqua ride é uma das modalidades mais procuradas em São Francisco Xavier. Foto: Divulgação

Entre os esportes radicais mais praticados na região estão o voo livre – uma aventura em que o piloto utiliza o vento para realizar voos não motorizados – e o acqua ride – que proporciona muita adrenalina nas corredeiras de rios sobre um bote inflável. 

Outra atividade que vem ganhando adeptos no local é o Skyrunning (corrida na montanha), que em 2019 levou quatro jovens da região para representar o Brasil no Campeonato Mundial da Juventude de Skyrunning na Itália, conduzindo o pequeno distrito a um patamar internacional.

Ecoturismo em São Xico

Auro Miragaia, 55 anos, que é de São José dos Campos e vive em São Xico, é um dos que celebram o bom momento turístico no distrito. Em 1995, ele fundou a primeira agência de esportes e aventuras da região, o CAT (Centro de Aventura Turística) Ecoturismo. 

“A maioria dos turistas vem da capital e uma outra parcela, de São José dos Campos. Mas já notamos, inclusive, a visita de estrangeiros. As pessoas ouvem falar de São Francisco e ficam encantadas.” 

Ele acrescenta que esse tipo de turismo ajuda no resgate cultural da região. Eventos como a Festa do Tropeiro, por exemplo, aproximam as pessoas, unindo comidas típicas, lazer e diversão.

A opinião é compartilhada pela diretora de turismo da Prefeitura de São José dos Campos, Aline Simões. Segundo ela, o ecoturismo também movimenta a economia local e gera renda e emprego à população. 

Cachoeira em São Francisco Xavier. Foto: PMSJC/Divulgação

“Ele é importante para o distrito de São Francisco Xavier pois o desenvolve economicamente, porém, com respeito ao meio ambiente”, explica. Ela complementa dizendo que a atividade vem ajudando o distrito na proteção dos recursos hídricos, como coleta e separação dos lixos orgânicos e recicláveis, e preservação da fauna e flora local. 

O turismo ecológico, ou ecoturismo, é caracterizado como qualquer atividade turística que utiliza, de maneira sustentável, um patrimônio local ou cultural, incentivando a conservação, promovendo o bem-estar da população e respeito ao meio ambiente.

Na região, a observação de aves está entre as atividades que possibilitam contato com a natureza – o exercício vem ganhando adeptos no mundo todo. Como elas estão em praticamente todos os ambientes, a observação pode acontecer em um jardim, praça, parque urbano ou natural, como também em áreas mais isoladas e preservadas. Grimpeiro, Sabiá-cica e Tiê-castanho são algumas das espécies de aves que sobrevoam o local. O distrito ainda conta com cinco espécies de primatas: o Sagui-da-serra-escuro, o Macaco-prego, o Sauá, o Bugio e o ameaçado Macaco Muriqui, uma das maiores atrações de São Xico. Com até 1 metro de altura, ele costuma andar em grupos de até 50 indivíduos. Descrito como “criatura dócil” pelos moradores e visitantes, é considerado motivo de orgulho da comunidade.